sábado, 17 de janeiro de 2009

A descendência do Galo Capão

Faz hoje 110 anos que nasceu o Al Capone. Não tenho nenhum tipo de admiração por este tipo de gente, nem de uma forma romântica, como muitos admiram postumamente um ou outro que se destacou ou evidenciou na sua profissão. A profissão deste senhor era gangster, fazia parte duma coisa que para nós parece-nos longínqua, a Máfia. Mandava matar, matava, metia-se em negócios ilícitos, em todo o tipo de tráfico, obrigava os outros a comprarem-lhe segurança, fugia aos impostos, e tantas outras coisas que o mauzão fazia.

Teve, no entanto, distinções sociais importantes nos anos vinte, como por exemplo ser o Homem mais importante do ano, e outras merdas dessas.
Mas ele era mau. Mas porquê que ele era mau, hoje tudo se explica.

Aquilo na família deve ter começado mal, em primeiro lugar chamava-se Alphonsus Gabriel, que é basicamente nome de parvo. Com um nome destes tinha duas hipóteses: ou começava a arrear nos gajos que lhe chamavam Alphonsus Gabriel, colegas e professores ou seria um enrabadito o resto da vida. A escolha era fácil, vá de começar a arrear a torto e a direito nos irmãos, nos colegas e nos professores. Outro problema era a profissão do pai, barbeiro, ou seja , o cabeleireiro da altura, o coitado do Alphonsus ficou careca aos 14 anos e o pai gozava à brava com ele, dizia que podia trazer uns restinhos capilares lá da Barber Shop, e o miudo vá de arrear no pai e na mãe, a mãe não tinha tanta culpa mas estava lá a ouvir...
Mas o pior de tudo foi quando conheceu um gajo português de Gondomar que lhe começou a chamar Afonso Galo Capão, isto não parecia tão grave até conhecer um outro português de Oeiras que lhe explicou o que significava Galo Capão, e nem as explicações do gajo de Gondomar dizendo que era mais saboroso e tenrinho evitaram que o Alphonsus Gabriel o atirasse duma ponte abaixo. Talvez fosse este o único português que teve que ajudar a morrer, e o gajo de Oeiras o primeiro informador à séria que teve.
Com uma vida destas, e contando com a falha total de todas as instituições responsáveis pelo processo de socialização do individuo, um homem só se podia virar para o tráfico, as casas de apostas, os clubes nocturnos, ou seja , para as maldades.

Isto tudo para perceber, quem tirando os Sopranos, quem são os seguidores dos Capones, Gottis, dos Yales?
Uns gajos gordos de New Jersey, tipos eslavos de Odessa e Miami, pessoas que vão à opera de Messina e Palermo?
Não.
Traficantes de influências, corruptos, corruptores, fazedores de opinião, pressionadores de pessoas e instituições e lóbiistas?
Talvez.


Voltarenini

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