segunda-feira, 6 de abril de 2009

Paris, Paris

Quando não conhecia Paris, achava que ela fazia parte dos livros e dos filmes, como Veneza e Alexandria. Depois de conhecer passou a ser minha, dos livros e dos filmes. Agora , que há já imenso tempo que não lá vou, apercebo-me que pertence aos sujeitos e sujeitas, meio paquidermes, que lá habitam.

Isto não tem interesse nenhum, a não ser pelo facto, que me apetece passear antes da ceia das onze da noite, nas margens do Sena, com medo de ser assaltado, ali, naquelas arvorezinhas entre a Notre-Dame e o rio, aliás, encostadas ao rio... Ter um gajo a olhar para mim e para o saco que levo a tiracolo, pendente, mais ou menos pela cintura, com dois ou três livros, livrinho de endereços e todo o dinheiro da viagem. Sim, todo o dinheiro da viagem, dentro da sacola,todo o dinheiro que não quis deixar no quarto da pensão no 14eme arrondisement, por não achá-lo seguro, ou seja, o viajante inteligente pensa que o quarto de Montparnasse é inseguro, mas trazer todo o seu dinheirinho e sobrevivência  dentro do saco, à noite, sozinho, em promenade numa cidade estranha,isso sim, já é seguro.!:!!

Mas, voltando ao tipo que olhava para mim, afinal estava só à espera da companheira, que tinha, quase de certeza, ido mijar atrás da àrvore. O tipo, estava mais receoso que eu, entenda-se, eu tinha mais medo, ele tinha mais receio que eu visse o fluxo  de urina da namorada a fazer ricochete na proteçãozinha de metal a rodear os canteiros, devagarinho a juntar-se numa poça, tal e qual pequenos afluentes de la Seine, ali tão perto do Sena.

Apetece-me ir lá outra vez para ver se ela tinha mesmo ido verter àguas. E, aprender a deixar o dinheiro na pensão. 

E, na verdade, não fui nem roubado nem assaltado. Não, como em Veneza onde roubaram-me logo 50 centimos só por ir mijar.!

M. Polo Voltaire

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