terça-feira, 14 de abril de 2009

Este post é uma grande treta

"The only thing I was fit for was to be a writer, and this notion rested solely on my suspicion that I would never be fit for real work, and that writing didn't require any."

Russel Baker

Encontrei há algum tempo um texto sobre o jornalismo americano, de um jornalista/escritor vencedor daqueles prémios de que todos se vangloriam nos EUA, que são os Pulitzer. O texto era muito interessante, chamava-se "Goodbye to newspapers" e era de Russel Baker, difundido no The New York Review of Books.  Despertou-me a curiosidade, porque argumentava sobre um tema que tem captado a minha atenção.

Mas, não conhecendo o seu autor, pesquisei superficialmente o homem e embora não tendo encontrado nada de especial, nada que me prendesse a atenção por algumas horas, encontrei esta "quotation" que fez tlim tlão nos minhas celulazinhas químicas do cérebro.

Não é a mais profunda citação conhecida, nem é um axioma que nos dirija a vida, como máxima não tem a força de incontáveis formulas latinas, mas pessoalmente atingiu-me nos testículos. Atingiu-me, não porque considere que a única coisa que tenho jeito é escrever, bem queria que assim fosse, mas não tenho. Acertou-me nos tomates porque não tenho jeito para quase nada que possa ser considerado "real work", nem um pingo de paciência para o trabalho real, não tiro de lá a mínima satisfação, e gostava de ser  o contrário, de trabalhar e gostar.  

Toda a minha vida quis ser escritor, das mais variadas formas, quis ser jornalista, poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta, sei lá qualquer coisa... Estudei para o conseguir, aliás estudei muito pouco, bastaria para isso encontrar os meus resultados académicos, que provariam que afinal não estudei quase nada. Mas andei lá, para a frente e para trás nos corredores da faculdade, a falar de literatura com quem acha que sabe, é certo que alguns sabiam mesmo, eu é que ainda não tinha percebido que não sabia. 

É difícil, um dia, tomar conhecimento que não és aquilo que pensas ou que gostarias de ser. E que possivelmente não és escritor, embora ainda hoje te enganes, embora ainda hoje estejas a escrever, embora continues a escrever livros e textos, páginas e páginas, simplesmente percebes que não és escritor, porque não sabes, porque não és bom, porque não tens aquilo que é preciso...

E, depois destas tagarelices clichés, a verdade é que: estimo bem é que a literatura vá ... nem sei bem para onde. Aliás, tenho que deixar isto e voltar ao livro que estou a escrever. Haverá melhor maneira de viver a vida do que contrariando ela mesma? Isso sim, isso é importante escrever. Como por exemplo escrever sobre a quantidade de pessoas que te enganam com o paloco em vez do bacalhau ou com os tentáculos de pota em vez do polvo.

E mais , este post todo é uma grande treta.

Eu Voltaire

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