terça-feira, 21 de abril de 2009

As petingas são as culpadas

Hoje comi petingas ao jantar. Com isto devo ter atacado muitos defensores das sardinhas bébés. Mas sinto-me culpado? Não. E porquê? Não sei. Talvez devesse sentir-me culpado, mas já me sinto culpado de tantas outras coisas. Existe uma culpa em todos nós, que não pode estar ligado ao nosso nascimento, do qual não tivemos culpa nenhuma, mas que está intimamente ligada ao nosso processo de socialização. Esta culpa, no sentido lato, acompanha-nos a vida toda, um pouco como o pé de atleta, para quem começou a tomar banho no ciclo preparatório sem chinelos. É realmente um sentimento parvo, mas é cómodo e ajuda a encontrar razões materiais e espirituais para a vida. No Direito fala-se de uma culpa estranha, uma culpa consciente, uma culpa que não é bem culpa porque realmente não acreditamos que exista dolo em qualquer movimento ou acção por nós posto em prática. Ora , é aí que me revejo, nesta situação de sentido restrito, as petingas, não me sinto culpado, como não me senti culpado a picar os coentros bébés e os alhos crianças para fazer as migas que acompanharam as petingas fritas.

Volatério

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